Anna Guerra

“Da repetição, da disposição em série, à singularização. Movimento que se faz numa espécie de autonomia das formas, todas elas desencadeadas em “lógica própria”. Mas há a mão da artista. Há o corpo. Há, sobretudo, a visibilidade da imersão das mãos e do corpo no mundo que se diz de si mesmo: mundo dos padrões diferenciados em múltiplas florações de cores e planos. 

A cada pedaço, onde os planos se conectam em tema e construção, é possível se aventurar a escutar suas conversas. Eles dialogam entre si, estabelecendo vozes dadas em ressonância. Escuta-se com os olhos… E o que se vê são justamente as possibilidades abertas à diferença cravada na imensidão dos tons interligados pelas flores. São sons, pois os espaços vibram, se relacionam num movediço estar em séries. Espaço: pétalas em planos de cores e linhas, deixando seus limites jogarem, uns sobre os outros, o sereno embaralhamento das geometrias criadas em sobreposições. Eis, então, a emergência, ou a reinserção, da “lógica” disposta pela convergência das variações. Elas convergem, mas variando fronteiras quase infinitesimais, soltas dentro de limites em pleno movimento. Superfície plana, sem profundidade: “superficialidade” que se cria na dança com o profundo. Eis mais uma das questões levantadas pelos espaços. Mundo das camadas sobrepostas, dos diálogos das cores, há de se inventar a profundidade a cada deslocamento do olhar. Mas a profundidade não está disposta no suporte, ou numa impessoalidade perspectiva; a profundidade, ao contrário e, nesse caso, mais real e intensa, se faz por meio do encontro entre quem vê e o que a artista faz aparecer. Há, portanto, o “interior” de um espaço dobrado sobre si mesmo, num “profundo” pelo qual o movimento é essencialmente o do perder-se da superfície, encontrando, ao mesmo tempo, a entrada para outras possibilidades de percepção: são movimentos, ressonâncias, falas, significados, todas essas ações num mesmo e impreciso instante. E se o que vemos é repetição a produzir diferenças, é singularização, é ressonância e profundidade na superfície plana, tudo isso se dá pelo inevitável das imagens ao nos exigirem a relação com o que é visto. Talvez, arriscando uma síntese, a palavra mestra diante das obras seja mesmo “relação”, ou melhor, a necessidade incontrolável de “termos que nos relacionar” com as formas e as cores diante de nossos olhos.”

Anna Guerra

Acervo

Título: Vista da Janela-SP que nos acolhe
Código: GAAG009
Medidas: 180x180 cm
Técnica: Técnica Mista
Disponibilidade: Disponível
Título: Abre Alas Campeã
Código: GAAG017
Medidas: 120x150 cm
Técnica: Técnica Mista
Disponibilidade: Disponível
Título: Sem título
Código: GAAG040
Medidas: 080x200 cm
Técnica: Técnica Mista
Disponibilidade: Disponível
Título: Estandarte
Medidas: 100x158 cm
Técnica: Mista
Disponibilidade: Disponível
Título: Sem título
Medidas: 130x130 cm
Técnica: Mista
Disponibilidade: Disponível
Título: Primavera 21
Medidas: 100x158 cm
Técnica: Mista
Disponibilidade: Disponível
Título: Série Flores
Código: GAAG024 - GAAG027
Medidas: 53x42 cm
Técnica: Mista
Disponibilidade: Disponível
Título: Série Flores
Código: GAAG028 - GAAG031
Medidas: 53x42 cm
Técnica: Mista
Disponibilidade: Disponível

Critica

“Eis que, ao receber na Glen Arte uma artista devidamente agendada, junto vem uma surpresa: Anna Guerra. Claro, com sua personalidade determinada, já trás uma ‘amostra’ de sua arte.

No trato pessoal ela é Anna – fiel às origens de seu nome -; é guerreira no seu trabalho, e foi me levando a um encantamento, até chegarmos à esta exposição, que certamente vai valorizar a estreia do novo espaço da Galeria.

Suas raízes pernambucanas, de cores e temas intensos, estão sempre presentes. Mas as inquietações que vivencia nesses anos em São Paulo se integram e harmonizam com a sua história nordestina.

Independente das mensagens que a Anna queira transmitir em suas obras, ela sempre causa impacto no primeiro contato. Mas o grande prazer são as surpresas que se revelam aos poucos, a cada novo olhar e ao percorrermos suas linhas e figuras … e suas histórias.

E ela nem precisaria assinar suas telas. O estilema, que caracteriza um artista maduro e com um trabalho coerente, está sempre lá e é inconfundível.”

Glênio Silveira Rosa