Adolescente, Valin Branco ensaiava esculturas em vidro em São Paulo, onde nasceu. Viu na casa de um amigo uma talha em madeira, feita em Olinda – foi amor a primeira vista e ele disse para si mesmo: “é isto que eu quero”. E assim, Valin resolveu vir aprender a arte de esculpir em Olinda. Era fevereiro de 82 e Carnaval corria solto pelas ladeiras da cidade…
Através de uma amiga, conheceu Billy de Olinda, que lhe abriu as portas de seu atelier, onde trabalhavam vários artesãos e artistas. E assim foi ficando…, o convívio diário com os artistas e com o ambiente cultural o inspirou. Trabalhava fazendo molduras, mas com Billy, e também com J. Costa – aos quais chama de mestres com um respeito que denota amizade e admiração – se fez de fazedor de moldura em artista. Estava dado o grande passo.
Hoje Valin olha a madeira com grande intimidade; nos blocos de mogno aponta as falhas naturais ou provocadas: “Temos que nos adaptar ao material disponível”. Isso significa ir retirando fora às partes da madeira que podem comprometer futuramente o trabalho ou aproveitando essas mesmas falhas para chegar a formas que existem inicialmente apenas na imaginação. Assim o artista vai cortando e produzindo curvas harmoniosas onde tem poucas preocupações com o figurativo. O abstrato o deixa mais livre e o resultado são peças de rara beleza e suavidade ao mesmo tempo em que transmitem um vigor marcante por sua presença. Em qualquer ambiente chamam a atenção para si. Interessante isso, como peças tão suaves e aparentemente delicadas podem ser tão poderosas. Mas a arte tem isso mesmo; o traço sutil pode ao mesmo tempo ser marcante e vigoroso, o toque suave do pincel pode ter o estardalhaço de uma explosão.
Extremamente orgânicas suas peças, por mais abstratas que sejam sempre nos remetem ao ser humano e suas paixões.
Branco é um artista com destinação nítida de escultor. Sem nenhuma acomodação, sem nenhum golfo, escultor. Destinado a enriquecer o espírito de todos nós
“Há uma alegria, há um espírito lúdico que circula nas esculturas de Valin Branco.
Há uma sabedoria, um acerto, uma intuição permanente que sai de suas obras.
Seu caminho não se faz dentro de um aprendizado acadêmico.
Faz-se mesmo em sua inquietação criadora.
Faz-se nos ateliês dos entalhadores de Olinda e Tiradentes MG.
Faz-se, sobretudo, no silêncio de um estúdio. No diálogo contínuo, permanente, apaixonado com as madeiras que serão suas esculturas.
Extremamente orgânicas suas peças, por mais abstratas que sejam sempre nos remetem ao ser humano e suas paixões.
Branco é um artista com destinação nítida de escultor. Sem nenhuma acomodação, sem nenhum golfo, escultor. Destinado a enriquecer o espírito de todos nós.”
Luciano Maurício